“Ecos das Pulsões”
Pulsão é um conceito central da teoria e na clínica psicanalíticas. Por essa razão, torna-se tão necessário retornarmos a ele.
A XLII Jornada do Círculo Psicanalítico de Minas Gerais nos convida a aprofundarmos nesse conceito que traz, sobretudo, um estatuto radicalmente novo para a sexualidade humana. Propõe indagarmos sobre as ressonâncias das pulsões e sobre os seus efeitos no corpo.
Na obra de Freud, encontramos dois momentos relativos ao desenvolvimento da ideia de pulsão. O primeiro, caracterizado pela necessidade de tradução do recalcado, estabelece o primeiro dualismo pulsional: pulsão de autoconservação e pulsão sexual. No segundo momento, Freud nos apresenta no Mais Além do Princípio do Prazer (1920), o segundo dualismo pulsional: pulsão de vida e pulsão de morte. É através da pulsão de morte que Freud afirma o caráter conservador e repetitivo da pulsão, o que faz uma torção na teoria e na Clínica psicanalítica.
Lacan considera dois momentos distintos: a clínica do Simbólico e a clínica do Real. A clínica do Simbólico é da decifração, tendo como eixo o inconsciente estruturado como linguagem. Já na clínica do Real, Lacan aponta para a dimensão real no pulsional, para o lugar que o sujeito ocupa diante do gozo.
A importância do conceito de pulsão para a clínica psicanalítica é a articulação do inconsciente com o corpo, os efeitos do significante e a demanda sobre este. As pulsões são os ecos que ressoam no corpo como efeito da linguagem. Através desse conceito podemos pensar as formas paradoxais dos modos de gozo e sublimação, e como se apresentam na cultura atual.